Já se passaram 120 dias de 365 e, sinceramente, muita coisa mudou. Eu mudei.
O tempo, esse inimigo e amigo ao mesmo tempo, tem me mostrado como a vida pode ser imprevisível, e eu... bem, estou tentando me entender.
A verdade é que nunca foi fácil, mas aqui estou, estudando em uma universidade de programação, algo que sempre quis, mesmo sabendo das dificuldades. Às vezes, sinto que estou quebrando a cabeça tentando seguir o que realmente amo.
Mas, por outro lado, tenho bons amigos e colegas que, apesar da superficialidade de muitos, têm sido uma fonte de luz em meio ao caos.
O fim de um relacionamento de longa data tem sido um dos momentos mais difíceis da minha vida.
Ela foi o meu primeiro amor, de verdade. Algo que nunca imaginei que fosse acabar, mas aconteceu.
Aprendi tanto, vivi tanto, e ao mesmo tempo chorei tanto.
Eu me pergunto, muitas vezes, quanto tempo o nome dela ainda vai ficar gravado em mim.
Mas também sei que esse foi um momento que moldou quem sou hoje.
Se eu puder carregar uma lição disso, é que talvez tenha me permitido ser machucado para, um dia, poder evitar machucar alguém.
E sim, isso é doloroso, muito mais do que eu imaginava.
Eu nunca soube o que era realmente sentir a dor da perda de alguém que você acreditou ser sua alma gêmea.
Mas é isso, é a realidade, e ela me mostrou que é possível mudar, mesmo quando se sente perdido.
Isso é algo que, eu acho, todos devem experimentar.
A dor tem um jeito único de nos ensinar, e eu só espero que esse aprendizado me torne mais forte.
Em meio a essa tempestade interna, comecei a me dar conta de uma coisa que até hoje me assombra:
quem sou eu, de verdade?
Muitas vezes me sinto como uma sombra de mim mesmo, tentando ser tudo para todo mundo, mas esquecendo de me dar a atenção que eu mereço.
Eu me entreguei demais para as pessoas, me doei sem limites, e acabei me perdendo nisso.
Agora, que estou sozinho, sem um amor para dar, sem muitas amizades de verdade ao redor,
é como se eu tivesse perdido a essência de quem sou.
Eu costumava conversar com todo mundo, mas agora, me vejo sozinho, em silêncio, com poucas pessoas para compartilhar minha verdade.
Há dias em que não penso em nada,
mas há outros em que a mente está tão cheia de perguntas.
Será que sou bom o suficiente?
Será que sou alguém digno de amor?
A minha maior luta agora é tentar me amar,
mas é difícil quando você se sente vazio por dentro, com medo de que suas inseguranças te definam.
Mas as pessoas ao meu redor dizem que sou bom demais, que sou gentil, que me entrego demais.
Mas o que ninguém vê é que, no fundo, eu me esqueço de mim mesmo.
Eu ainda estou tentando descobrir o que significa ser eu, no total, sem me perder.
Será que posso ser uma pessoa inteira, ou sou sempre essa versão pela metade?
Esses dias tenho buscado encontrar mais significado em minha vida,
e acho que a resposta está em um lugar que eu temia antes: o autoconhecimento.
Estar sozinho não tem sido fácil,
mas tem me mostrado que só posso crescer se eu começar a me cuidar de verdade.
Já não quero mais ser alguém pela metade, esperando que outra pessoa me complete.
Não preciso disso.
Eu quero ser completo, comigo mesmo.
Talvez eu ainda precise de mais tempo para me entender por completo.
Talvez ainda falte muito choro, muito aprendizado e uma boa dose de dor,
mas sei que tenho um valor imenso que preciso aprender a enxergar em mim.
Eu espero, de verdade, que no futuro as pessoas certas me reconheçam por quem realmente sou.
Sei que, para amar alguém de verdade, preciso antes aprender a me amar de forma plena,
sem hesitação, sem medo.
Quero ser alguém que sorri com liberdade,
que se sente incrível por ser quem é.
Isso tem sido o meu maior objetivo: recuperar minha confiança e a alegria de viver.
E, se um dia aparecer alguém que faça meu coração bater mais forte,
eu vou estar pronto para abrir as portas e dar o meu melhor.
Mas, por enquanto, a prioridade sou eu.
Não quero mais me perder por alguém.
Eu quero me curar, me fortalecer,
e aprender a ser feliz com minha própria companhia.
Esses dias, tive uma conversa com minha psicóloga que mexeu muito comigo.
Falei sobre tudo isso — as perdas, as dúvidas, os silêncios que tenho enfrentado — e ela me disse coisas que ainda estou digerindo.
Uma delas foi:
“Você tem tentado ser tudo para todos, mas tem esquecido de ser tudo para si mesmo.”
Isso bateu fundo.
Porque, no fundo, é isso mesmo.
Eu me perdi tentando ser suficiente para os outros, tentando amar e cuidar, enquanto deixava meu próprio cuidado para depois.
Ela também me lembrou que a dor não é um erro no caminho —
ela é o caminho.
Que fugir do sofrimento só adia o que precisamos encarar.
E foi aí que eu percebi que talvez eu esteja exatamente onde preciso estar:
olhando pra dentro, mesmo que doa.
Mesmo que não faça sentido agora.
Isso me fez pensar que talvez o amor-próprio não seja um sentimento bonito e suave,
mas uma construção diária, feita de esforço, paciência e coragem.
Ainda estou aprendendo a ser gentil comigo.
Ainda me pego sendo duro, exigente, inseguro.
Mas agora eu sei:
cada passo que dou em direção a mim mesmo é um passo na direção de algo maior.
E, por mais confuso que tudo pareça,
talvez esse seja o primeiro capítulo de uma história onde, finalmente,
eu sou o protagonista da minha própria vida.